

Tati Lund: Conheça a chef que faz pratos veganos surpreendentes
Há quase dez anos, Tati Lund, 29, decidiu se tornar vegetariana. Ela estava no meio da faculdade de nutrição, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando percebeu que sua relação com a comida seria bem diferente.
Logo depois de se formar, viajou para os Estados Unidos, em busca de referências para seu novo estilo de vida. Fez um curso intensivo no Natural Gourmet Institute for Health and Culinary Arts, em Nova York, e trabalhou em restaurantes vegetarianos renomados, como o Pure Food and Wine, de comida crua.
De volta ao Brasil, decidiu montar seu próprio negócio. Encontrou um ponto comercial perto de casa, na Barra da Tijuca, no Rio, e decidiu que seria um bom lugar para começar. Nascia em 2011 o .Org, seu restaurante vegetariano que figura sempre entre as melhores indicações para comer bem na cidade.
Tati só trabalha com alimentos integrais, frescos, orgânicos, sazonais, locais e não processados. Tudo isso pode parecer bastante limitador para uma chef, mas Tati Lund passou a ser reconhecida por sua cozinha inventiva e cheia de sabor. Apesar de ser ovolactovegetariana, quase todos os pratos que cria são veganos.
A equipe de 16 pessoas também está conectada com a proposta. Os funcionários fazem aulas de yoga e meditação semanalmente. “É que alimentação consciente vai além do ser saudável, né? Não produzo lixo no restaurante, os resíduos são totalmente reciclados, e eu conheço meus fornecedores. Isso é ser consciente”, explica.
Eu sempre tive em mente que não seria apenas uma empresa, e sim um estilo de vida, uma forma de transformar as pessoas por meio do alimento.
Os ambientes do restaurante também trazem forte conexão com a natureza. Há um jardim flutuante, criado pelo ateliê Wabisabi. A varanda ganhou uma parede viva onde estão diversas espécies de PANCs (plantas alimentícias não convencionais). O projeto foi desenvolvido pela Organicidade, coletivo focado na agricultura urbana e na educação e transformação socioambiental.
Sabores ricos
Em 2017, a chef dobrou a capacidade do restaurante e imaginava que os novos 30 lugares seriam suficientes para acabar com as filas de espera. Foi surpreendida: “Esperava um aumento de fluxo de 30%, mas estou na faixa dos 80%”, empolga-se.
Para Tati Lund, o segredo de seu sucesso está nas receitas originais e frescas, criadas e preparadas quase na hora de servir. “Como trabalho com fornecedores locais e somente com alimentos orgânicos, recebo os produtos diariamente. Então decido os pratos que vou preparar já perto do meio-dia, os clientes ficam ansiosos”, conta.
Sem nenhuma referência na família, a chef recorre a pesquisa, temperos e especiarias para criar seus sabores. “Eu vivo comida 24 horas por dia. Leio milhares de livros, procuro todas as referências possíveis para criar, pois ninguém de casa sabe cozinhar”, brinca. “Acredito que seja um dom, algo interno que fui desenvolvendo ao longo dos anos.”
Sua criatividade também é aguçada nas viagens. Tati já esteve na Tailândia, no Peru e na Amazônia. Foi das montanhas mexicanas que trouxe repertório para criar seu mole negro, molho à base de chocolate que contém mais de 50 ingredientes e vários tipos de pimenta. No México, é acompanhamento tradicional de carnes, mas no .Org, é servido ao lado do espetinho de vegetais defumados com mix de batatas assadas, salsa de repolho roxo e sour cream de castanhas de caju.
“Eu transformo pratos usualmente feitos com carne nessas viagens. Cozinho junto com as pessoas locais já do meu jeito”, diz.
Projetos
Tati Lund é convidada com cada vez mais frequência para organizar eventos de grandes marcas, que veem em sua comida uma proposta de vida. “A alimentação saudável começou como uma onda, meio moda, mas agora veio para ficar. As pessoas estão pensando no que comem, não é mais algo automático. É um movimento”, afirma.
A chef tem ainda um programa de receitas veganas em um canal fechado que segue para a terceira temporada. “Quando entrei nesse projeto, não sabia no que ia dar. Mas é maravilhoso poder mostrar para mais pessoas que é possível se alimentar de forma consciente e gostosa”, conta. Nessa linha, Tati escreve um livro de receitas e histórias que será lançado em 2018.
Também é curadora do Jasmine Open Table, plataforma de inovação aberta para quem prioriza uma alimentação saudável. O programa visa acelerar no segundo semestre de 2017 o desenvolvimento de produtos e conteúdos que proporcionem às pessoas uma vida mais ativa, saudável e consciente.
“Para mim, é um grande prazer escolher e apoiar essas empresas. Quanto mais a gente incentivar esses trabalhos e empreendedores melhor, mais a gente colabora para construir um mundo mais sustentável.”