

Mandala Comidas Especiais: sem glúten nem alergênicos
A dificuldade para encontrar comidas prontas durante o tratamento do seu segundo filho, diagnosticado com alergia alimentar múltipla aos dois meses de idade, levou Adriana Fernandes, 44, a criar a Mandala Comidas Especiais. A empresa é uma das selecionadas para o programa Jasmine Open Table de aceleração.
Aberta no primeiro semestre de 2015, a empresa produz apenas alimentos sem glúten, látex, milho e sem os vinte principais ingredientes que causam 90% das alergia alimentares. “Excluímos ingredientes para incluir pessoas”, resume Adriana.
Formada em Rádio e TV, Adriana trabalhou com comunicação até o nascimento do segundo filho. Alérgico, ele vomitava após as mamadas, tinha sangue e muco nas fezes, dermatites, não conseguia dormir bem e sentia muitas dores. “Comecei a procurar ajuda o dia em que precisei trocá-lo e ele não tinha mais roupas limpas, de tanto que vomitava”, relembra.
A busca por ajuda começou pelo Facebook e, por indicação de uma amiga, Adriana conheceu outra mãe que havia passado pela mesma situação. A alergia alimentar múltipla entrava, então, no seu radar. O diagnóstico do filhou foi fechado já nos primeiros meses e ela começou uma dieta rígida. “O corpo dele não conseguia processar as proteínas de diversos alimentos que passavam pelo leite materno”, comenta. Assim, por 14 meses ela excluiu do cardápio 32 alimentos diferentes.
Surge a Mandala Comidas Especiais
“Era extremamente cansativo seguir uma dieta tão restritiva, porque eu precisava cozinhar 100% das minhas refeições. Não havia nenhuma comida segura e pronta que eu pudesse comprar”, conta Adriana. E ela não estava sozinha. A mesma reclamação era entoada em eco por outras mães com quem interagia nas redes sociais.
Por necessidade, Adriana começou a inventar receitas, testar ingredientes e elaborar novas misturas em casa. Também por necessidade, resolveu que era hora de entrar para um mercado ainda virgem no Brasil. Demitida no final de 2014, ela não via boas perspectivas de voltar a trabalhar com comunicação. Foi aí que resolveu dar forma a um antigo sonho de empreender no ramo da gastronomia.
Para se preparar, mergulhou durante quatro meses em estudos intensivos. Era preciso aprender tudo sobre negócios e também sobre como garantir uma segurança rigorosa aos produtos. Adriana desenvolveu um check-list para fornecedores, criou uma série de protocolos internos e desenvolveu uma embalagem que pode ser usada em micro-ondas compartilhado sem o risco de contaminação. “Peguei 20 anos de economias e montei um negócio formal, que pudesse crescer em escala e prosperar”.
E ela vem tendo sucesso como empreendedora. Na Mandala Comidas Especiais, tudo é rastreado: insumos, utensílios, produtos de limpeza e embalagens. Funcionários não podem levar comida de fora para dentro da cozinha industrial. Cada detalhe é seguido à risca para evitar contaminação cruzada. Celíacos, alérgicos e intolerantes encontram cerca de 60 produtos saborosos e seguros.
Nenhuma receita leva amêndoa, amendoim, aveia, avelãs, castanha-de-caju, castanha-do-Pará, outros tipos de castanhas, centeio, cevada, crustáceos, leites (nem lactose), macadâmias, nozes, ovos, pecãs, peixes, pinoli, pistaches, soja (nem óleo e lecitina) e trigo. Além disso, não há glúten ou qualquer contato com látex natural, milho, temperos prontos, produtos transgênicos, glutamato monossódico, aromatizantes e corantes artificiais.
Mandala e a aprovação do mercado
Com apenas três meses de operação, a empresa de Adriana já conquistava uma grande vitória: virou fornecedora de alimentos especiais do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). “O controle rígido de todo o processo é o nosso diferencial, tudo é feito com o máximo de segurança. E, claro, temos sabor”, comenta. Atualmente, a Mandala garante a alimentação também de pacientes de outros hospitais paulistanos, como o Sabará e o Samaritano, além de diversas escolas, hotéis e buffets da cidade.
Associado à segurança dos produtos, o sabor é um dos atrativos da empresa de Adriana. “Temos clientes que nos ligaram chorando, porque conseguiram comer algo gostoso que não podiam mais, como uma coxinha”, conta. Atualmente, 65% dos produtos são veganos e atendem diretamente os dois grupos de clientes da Mandala: os que precisam comer sem glúten e alergênicos e aqueles que preferem essas receitas.
“Fazemos testes exaustivamente para checar se determinada receita funciona nas diversas formas de descongelamento, para garantir que a comida fique estável e a pessoa tenha a melhor experiência possível”, comenta Adriana. O trabalho minucioso hoje reflete em uma produção mensal de mais de uma tonelada de alimentos. Para o varejo, são disponibilizados cerca de 60 tipos de produtos – entre os destaques estão a coxinha, a linha de padaria e o brownie, feito com feijão preto e cacau. No atacado, essa variedade sobe para 200.
Expansão para incluir
Em 2017, a Mandala alcançou conquistas importantes : lançou seu e-commerce (as entregas ainda são feitas apenas para alguns pontos de São Paulo, devido à instabilidade do produto congelado). Produtos como pães, bolos e um chocotone poderão ser enviados para todo o Brasil em breve, graças à tecnologia que usa atmosfera modificada para manter o produto fresco e conservado.
Além disso, os sócios receberam seu primeiro pró-labore em agosto, no valor de um salário mínimo. “Estamos no caminho certo”, garante Adriana.
Entre os maiores desafios que a Mandala tem pela frente estão a gestão de novos fundos, que permitam o investimento em uma cozinha maior, e ainda a necessidade de contornar o elevado valor do frete de produtos congelados. “Contamos com a ajuda da mentoria da Jasmine para nos preparar para essas duas questões importantíssimas”, comenta Adriana.
Sobre o Jasmine Open Table
A Jasmine aposta na capacidade transformadora da alimentação saudável. Com o programa Jasmine Open Table, uma plataforma de aceleração para projetos inovadores, ela fomenta o desenvolvimento de produtos e de conteúdos que ajudem as pessoas a terem uma vida mais ativa, saudável e consciente. A primeira edição do programa teve 50 inscritos e nove projetos foram selecionados para participar das 12 semanas de mentoria intensivas, formulado em parceria com a Corporate Garage.