Beta Arruga: a advogada que descobriu na yoga sua verdadeira vocação
Para muita gente, fazer um curso na sua área de atuação, em Nova York, é sinal de realização máxima, profissionalmente e pessoalmente. Mas não foi assim com a professora de yoga Beta Arruga. Em 2008, ela foi à cidade mais cosmopolita do mundo fazer um curso de especialização em Direto, até então, sua profissão. E foi justamente nesse cenário dos sonhos para tantas pessoas que ela se viu infeliz e sentiu que não estava fazendo o que realmente amava. Em meio a isso, a yoga se mostrou como um caminho ideal.
Beta Arruga: a professora de yoga
Beta conta que começou a ter aulas de yoga em 1998, época em que ainda era raro encontrar pessoas que praticavam a atividade. No entanto, era algo pontual, que fazia quando dava. “Quando fui morar fora, cheguei a NY no inverno. Sentia-me muito sozinha, não estava mais feliz e passei a praticar mais e mais. Eu sentia que não estava no caminho certo e me questionava muito sobre o que então eu queria fazer da vida. E o melhor momento do meu dia era sempre quando estava na Yoga”, relembra.
A prática intensa e a dedicação chamaram a atenção da sua professora, que perguntou por que ela não fazia um curso de formação para dar aula. “Quando ela falou isso, me veio uma alegria tão grande e aquele sentimento de que era realmente isso que eu queria para a minha vida. Eu já havia dado aulas esporádicas para amigas próximas, mas foi nesse momento que eu vi que essa era minha vocação”.
Atualmente, Beta se dedica a ensinar a modalidade Vinyasa, que é conhecida como uma prática mais fluida, composta por uma sequência de movimentos coordenados com a respiração que ligam uma postura com outra, e conecta a respiração, o corpo e a mente. “Essa é uma prática que usa muito da criatividade, permite música e é mais livre. Me identifiquei muito e hoje me dedico a ensiná-la”, conta.
Intimamente ligada à Yoga, a medicina Ayurvédica também faz parte dos estudos da Beta. Segundo ela, os benefícios dessa ciência indiana milenar, que serviu de base para a tradicional medicina chinesa e para a ocidental, são diversos. “O maior deles é que a Ayurveda trata cada indivíduo como único, com necessidades específicas. Enquanto a medicina ocidental te coloca dentro de padrão, seja para tratamentos de doenças ou até em relação à alimentação, essa cuida da sua individualidade. Cada corpo é um corpo e cada mente é uma mente. Tudo é levado de acordo com seus hábitos e o seu biótipo”, compara.
Ela também se especializou na Yoga Massagem, uma mescla entre a massagem tradicional indiana com as posições do Yoga. Na sessão, o aluno fica em uma determinada posição física (chamada asana na yoga) e o instrutor massageia com deslizamentos, amassamentos e pressões vigorosas com as mãos e os pés. Isso estimula a circulação, aquece a musculatura e as articulações, e prepara o corpo para as flexões, torções e alongamentos baseados nas posturas do Yoga. Essa é considerada uma ferramenta terapêutica.
Ao analisar a crescente busca pela yoga, Beta destaca o contexto social em que vivemos atualmente. “Em uma época em que tudo é tão veloz e que as pessoas estão sem tempo, fazemos tantas coisas no piloto automático, sem nem sentir e pensar o porquê disso. A yoga faz com que tiremos um momento do nosso dia para nos conectarmos com nós mesmos. Ela relembra o que realmente importa e nos leva de volta ao nosso coração. Essa grande procura pela yoga mostra que as pessoas têm criado uma maior conscientização da necessidade de ter uma pausa entre um pensamento e outro”.
A professora conta que há oito anos dá aula e tem alunas que estão com ela desde o início. Para ela, isso é prova de que quem começa a prática não para, isso porque a pessoa sente as transformações que a yoga proporciona.
Para mim é ainda mais transformador poder acompanhar essa evolução de cada aluna.
Beta faz questão de reforçar ainda que essa é uma prática vai muito além do que é feito no tapetinho. É uma filosofia de vida, que envolve atitudes internas e com o outro. E ela afirma que nem precisa mudar a alimentação de uma hora para a outra, por exemplo. “Há coisas que o seu próprio corpo irá pedir em algum momento. A mudança que a yoga proporciona é tão profunda que ela é orgânica. O praticante passa a perceber aos poucos que algumas atitudes e hábitos já não lhe fazem bem. E aí acontece uma conexão entre todos os aspectos da vida”, finaliza.