Alimentação infantil durante a quarentena: iniciação ao paladar de forma saudável
Dados do relatório Ending Childhood Obesity, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apontam que há cerca de 41 milhões de crianças com menos de 5 anos no mundo com problemas relacionados ao sobrepeso e à obesidade infantil.
As razões para o aumento desse problema são diversas, mas muito se deve aos padrões de consumo alimentar com alimentos pouco saudáveis e à falta de atividades físicas. É possível mudar esse cenário? Sim, é possível e uma das possibilidades passa pelos conceitos de iniciação ao paladar de forma saudável.
Iniciação ao paladar: como fazer isso?
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os primeiros mil dias de vida de uma criança são fundamentais em termos de formação de paladar. Segundo o órgão, educar o paladar das crianças é um dos caminhos mais eficientes para prevenir a obesidade infantil e reduzir esses índices. Porém, o que significa isso exatamente na prática?
Nos seis primeiros meses de vida a criança deve ser alimentada apenas com leite materno. Porém, a partir de então começa o processo de formação do paladar propriamente dito. Para solidificar bons hábitos alimentares, é essencial que os pais tenham cuidados com a alimentação da criança nos dois primeiros anos.
Nos 24 primeiros meses de vida, são muitas as “novas experiências” pelas quais a criança passa. Praticamente todos os dias ela provará algo novo e múltiplos fatores influenciarão na percepção dela sobre o alimento. Portanto, caprichar na apresentação e certificar-se de que o aroma, a textura e a temperatura da comida estão no ponto ideal são aspectos que têm peso na aceitação do alimento.
Deixe que elas explorem os alimentos
A partir dos seis meses de vida, quando as crianças iniciam o consumo de outros tipos de alimentos, é fundamental que os pais acompanhem a “descoberta” dos sabores. Antes de tudo, é importante considerar que os alimentos oferecidos aos pequenos devem ser adequados ao tamanho deles.
Isso significa que frutas, legumes, verduras e outros tipos de alimentos devem ser cortados em pedaços pequenos, que caibam nas mãos delas e sejam de fácil deglutição. Deixar que elas tenham contato com os itens, manuseando-os e sentindo melhor os aromas e as texturas é parte do processo de descoberta e pode ser bastante positivo nesse sentido.
Até um ano de idade, não há a necessidade de adicionar sal à alimentação das crianças e até os dois anos não devem ser oferecidos alimentos com açúcar. Essas substâncias alteram o sabor natural dos alimentos, tornando o processo de descoberta enviesado: os sabores adocicados ativam sensações de prazer em nosso sistema nervoso. Se para os adultos ter controle sobre isso não é uma tarefa simples, imagine para as crianças.
Aproveite a quarentena para cuidar da alimentação infantil
A quarentena imposta pela pandemia de coronavírus se revela uma ótima oportunidade para os pais darem uma atenção especial para a alimentação das crianças pequenas. Como a maioria das refeições está sendo feita em casa, com os pais por perto, fica mais fácil manter o controle para que tanto o sal quanto o açúcar não estejam presentes na dieta das crianças.
Métodos de iniciação ao paladar como o BLW podem servir como um estímulo à autonomia das crianças, conforme um indica um estudo publicado pelo British Medical Journal. A pesquisa mostrou que bebês que escolhem a comida com as mãos são mais propensos a se alimentar de forma saudável do que aqueles que são alimentados na boca com colher.
Que tal criar a consciência nas crianças desde cedo de que uma alimentação de qualidade significa explorar os múltiplos sabores, apostando em alimentos mais saudáveis e coloridos? E mais: essa pode ser uma oportunidade também para rever a sua própria alimentação. Será que você está comendo de maneira saudável como deveria?