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Como é formado o paladar infantil?

por jasmine
em 19/03/2020

Em que momento acontece a formação do paladar da criança e como os hábitos alimentares dos pais influenciam nesse processo? Certamente, todos os pais gostariam de prover uma alimentação saudável para os filhos, mas nem sempre eles sabem ao certo como fazer isso.

A formação do paladar infantil se dá a partir de múltiplos fatores e nem sempre temos consciência de todos eles. Se uma criança vê os pais consumindo chocolate em excesso, por exemplo, é natural que ela também desenvolva um certo interesse por esse alimento.

Isso se aplica também aos alimentos que ela come todos os dias. Se por alguma razão ela não gostou de cenoura na primeira experiência e não houve insistência dos pais nas refeições seguintes, é bem provável que esse legume não satisfaça mais o paladar dela. 

Como é formado o paladar infantil?

Muitos dos hábitos alimentares que mantemos na vida adulta são consequência direta da formação de paladar que tivemos na infância. Em outras palavras, continuamos comendo sem questionamentos aquilo que aprendemos a gostar, ainda que de maneira consciente essa não seja uma boa escolha.

O fato é que hoje se sabe que o paladar da criança começa a ser formado ainda quando ela está no ventre da mãe, mais precisamente durante o último trimestre da gravidez. Nesse período, o feto engole pequenas quantidades de líquido amniótico. A qualidade desse líquido é influenciada diretamente pela alimentação da mãe.

Nos seis primeiros meses de vida a criança deve ser alimentada apenas com leite materno. Porém, a partir de então começa o processo de formação do paladar propriamente dito. Para solidificar bons hábitos alimentares, é essencial que os pais tenham cuidados com a alimentação da criança nos dois primeiros anos.

Introdução alimentar: papel decisivo na percepção de gosto

Pense na experiência que temos quando provamos um novo prato já depois de adultos. Observamos a apresentação da comida, a textura, o sabor, o aroma e até mesmo a reação das pessoas à nossa volta que estiverem comendo a mesma coisa. Todos esses fatores influenciam nossa opinião e, consequentemente, nosso paladar.

Isso também se dá na introdução alimentar da criança. Nos dois primeiros anos são muitas as “novas experiências”. Praticamente todos os dias ela provará algo novo e, da mesma forma, múltiplos fatores influenciarão na percepção dela sobre o alimento. Portanto, capriche na apresentação e certifique-se que o aroma, a textura e a temperatura da comida estão no ponto ideal.

É preciso ter cuidado redobrado com o açúcar, pois ele é um elemento capaz de destoar a percepção. Os sabores adocicados ativam sensações de prazer em nosso sistema nervoso. Se para os adultos ter controle sobre isso não é uma tarefa simples, imagine para as crianças. Elas passam a “preferir” os alimentos que despertam essa sensação em detrimento daqueles que não fazem isso.

A solução, de acordo com os especialistas, é simples: adie o máximo possível a introdução de açúcar na alimentação das crianças. É por essa razão que alimentos industrializados ricos em gorduras, aditivos, aromatizantes, corantes, conservantes e açúcar devem ser evitados em qualquer ocasião, mas especialmente na infância.

Paciência e persistência superam a resistência

Se por um lado basta uma colher de açúcar para o cérebro ficar interessado em alimentos doces, por outro o sabor amargo de alguns vegetais pode ter o efeito oposto. É normal que as crianças não gostem de certos legumes e verduras na primeira vez que os experimentam. Porém, essa recusa não é definitiva.

De acordo com especialistas em nutrição, são necessárias de 10 a 15 exposições a novos alimentos para que as crianças passem a aceitá-lo como “normais”. É preciso ser criativo e apresentar o mesmo alimento de diversas formas possíveis até que a criança encontre a versão ideal sob o ponto de vista do paladar dela. 

O método BLW é um dos exemplos de iniciação do paladar. A ideia é que desde a mais tenra idade a criança possa sentir o sabor dos alimentos em sua forma natural, em pequenos pedaços que caibam na mão e possam ser levados à boca por ela mesmo. 

Os alimentos que não estiverem na lista de preferências da criança, mas forem considerados importantes sob o ponto de vista nutricional podem continuar aparecendo no cardápio de forma mais sutil. Eles podem virar ingredientes em tortas salgadas, por exemplo, ou serem cozidos junto com outros alimentos. 

O importante é dar à criança a oportunidade de provar o sabor dos alimentos em sua forma natural por diversas vezes. E, claro, nunca se esquecer de que grande parte da formação do paladar infantil é um reflexo também da alimentação dos pais. Portanto, seja o exemplo que você gostaria que o seu filho seguisse.


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